Como pais de crianças pequenas, você está constantemente muito cansado e sempre dorme pouco, e quando você dorme muito pouco, tem muito pouca energia e então, muitas vezes você cede, quando, na verdade, acha que não deveria ter cedido. Ou fica com raiva ou irritado, e dessa forma não fica presente, e quando vc não está presente você “perde” seu filho e assim você não se gosta...
Para tornar mais fácil lidar com a vida cotidiana com seus filhos, existem três considerações importantes:
·
Ser flexível
·
Estabelecer limites
(fronteiras)
·
Observar a mesma
rotina todos os dias
Tornar-se flexível é o resultado de uma observação interior objetiva. Você pode treinar sua flexibilidade através de um trabalho interno no qual você aprende sobre si mesmo. Em relação aos limites, você tem que descobri-los por si mesmo. Você deve decidir quais são os limites para o seu filho em sua casa: o horário de ir para cama, o horário de comer, o que comer, qual a linguagem a ser usada em família e assim por diante. Você tem que ter a “cabeça feita” sobre os limites previamente. Assim, em vez de dizer "não, não, não …" e ficar irritado, você simplesmente não permite que as crianças ultrapassem os limites. Você sabe que essa é uma decisão sua e não precisa mais ficar irritado. Se você está à frente da criança e percebe aquela certa situação se aproximando, com humor e o gesto ou a palavra corretos, você pode afastar a situação. Isso será possível se você exercitar sua flexibilidade. Conhecer-se melhor lhe dará a possibilidade de também estar à frente de você mesmo. Quando você apreende essa ferramenta, você pode começar a lidar com seus filhos de uma forma muito mais livre porque os limites já estão estabelecidos.
Tornar-se flexível é o resultado de uma observação interior objetiva. Você pode treinar sua flexibilidade através de um trabalho interno no qual você aprende sobre si mesmo. Em relação aos limites, você tem que descobri-los por si mesmo. Você deve decidir quais são os limites para o seu filho em sua casa: o horário de ir para cama, o horário de comer, o que comer, qual a linguagem a ser usada em família e assim por diante. Você tem que ter a “cabeça feita” sobre os limites previamente. Assim, em vez de dizer "não, não, não …" e ficar irritado, você simplesmente não permite que as crianças ultrapassem os limites. Você sabe que essa é uma decisão sua e não precisa mais ficar irritado. Se você está à frente da criança e percebe aquela certa situação se aproximando, com humor e o gesto ou a palavra corretos, você pode afastar a situação. Isso será possível se você exercitar sua flexibilidade. Conhecer-se melhor lhe dará a possibilidade de também estar à frente de você mesmo. Quando você apreende essa ferramenta, você pode começar a lidar com seus filhos de uma forma muito mais livre porque os limites já estão estabelecidos.
A
terceira recomendação, a de fazer uma rotina
que seja a mesma todo dia, garante a criança ritmo. Todas as famílias
Waldorf, provavelmente, conhecem a vida cotidiana no Jardim da Infância. As
crianças passam o dia em períodos alternados de concentração e expansão, como
no ritmo da respiração, onde há o inalar e o exalar. Na fase de inalação ou
inspiração, a criança direciona sua atenção para uma atividade que basicamente
a relaciona a ela mesma. Para as crianças pequenas, cada período de inspiração
(desenho, aquarela, tricô, comer…) é muito curto, porque os pequenos podem
concentrar-se apenas por curtos períodos de tempo. No período de exalação ou
expiração, a criança se refere principalmente ao mundo ao seu redor (brincar
livre, correr livremente, etc.). Para cada período de inspiração a criança
precisa de um período de expiração e
assim um padrão é estabelecido. Esse ritmo é algo que você pode trazer para
dentro da sua casa. Você tem que tentar descobrir quando as crianças “inspiram”
e quando elas “expiram”. E quando a criança está no período de inspiração, você tem q ter certeza que
estará presente, de maneira que a criança sinta “Ahhh, aqui eu sinto meus pais,
eles estão lá por mim!”. Depois disso, por bem pouco tempo, você pode fazer o
que tem que fazer em casa e você pode dizer para criança “Você tem q esperar
porque eu preciso fazer isso”. E será tudo bem porque você sabe que esteve presente
com a criança. Por exemplo, observe a situação quando os pais pegam seus filhos
no Jardim. No exato momento que você está pegando seu filho: O celular toca e
você atende? Você cumprimenta seus amigos e inicia uma conversa intensa? Se a
resposta for sim, então você não está presente com a criança. Na minha ultima
visita ao México, vi muito poucos pais saudando seus filhos, a maioria estava
conversando com outros pais ou envolvidos em assuntos da escola ou falando em
seus celulares, ou chegando atrasados, ou com muita pressa.
Mas, para seu filho
que esteve fora há cinco horas e realmente quer você… Você não está lá. Então a
criança grita: “Quero sorvete! Quero isso! Quero aquilo!” ou então ela começa a
correr ou a cair ou a se meter em pequenas encrencas porque ela está confusa,
pois na verdade ela te viu, mas não te encontrou. Do contrario, se você tomar o
tempo (e isso talvez leve 5 segundos) de se abaixar, dar-lhe um abraço e então cheirá-lo
(tão lindo! tão querido!) e assim realmente ESTAR lá, seus olhinhos lhe dirão,
muito mais do que palavras, como foi o seu dia. Ele não pode contar-lhe com
palavras, pois não se lembra, mas seus olhos lhe contarão tudo. Então, você o
toma pela mão e andam juntos (num passo que a criança possa acompanhar, é claro!),
e isso é realmente amável pois assim você está criando um belo momento, um
“momento você e eu”. Agora, se vc precisa cumprimentar as pessoas, você já
pode, rapidamente, mas sempre junto com a criança porque ela sentirá “Eu estou
onde pertenço, junto com minha mãe/ pai”. Esse foi um momento de inspiração-
momento para dentro (a breathing-in situation)
onde vc esteve de fato presente. Daí vocês vão até o carro e vão para casa
(expiração – momento para fora) e provavelmente é hora de comer, surgindo
novamente outro momento de inspiração - para dentro.
Como
vocês comem?
Você
se senta junto com a criança? Ou a
criança se senta sozinha para comer enquanto você fica por perto e aproveita
para falar ao telefone!
Se
você se dá o tempo de sentar com seu filho, você o ensinará boas maneiras a
mesa através do seu exemplo. Muitas crianças hoje não se sentam a mesa com seus
pais e assim não aprendem a manejar os talheres e utensílios adequadamente. No
entanto, isso é muito importante, pois do contrario, quando eles completam sete
anos, não conseguem segurar adequadamente o lápis. E aprender isso aos sete
anos é bem mais difícil comparado entre um e dois anos. Alem disso, sentar-se a
mesa e ter um começo, o processo e um fim é importante pois é assim que você
deve viver a sua vida inteira. Tudo tem um começo, um processo e um fim. Isso
pode tomar-lhe apenas 15 minutos, para sentar-se apropriadamente, checar como a
criança segura os talheres e o copo (crianças de um ano em diante não precisam
de copos especiais de bebes, aqueles com bico e tampa), comer com a boca
fechada e tudo o mais, sendo você, dessa forma, um exemplo a ser seguido para
seu filho e ainda mais importante, você tomou esse breve momento para novamente
criar outro “momento você e eu” ao mesmo tempo em que você
ajuda seu filho a conhecer uma forma social de “como nós somos quando comemos
juntos”. Ao terminar a refeição, você o lembra de que ele precisa ajudar com a
mesa, de maneira que ele também aprenda que quando somos parte de uma
comunidade (ambiente social), também participamos da limpeza. Dessa maneira
você fez e criou uma situação na qual esteve realmente presente e então pode
dizer para a criança “Vá brincar” (momento de expiração – para fora), pois você
esteve presente anteriormente e então pode fazer o que precisa fazer, mas
precisa estar visível para a criança. Assim é, porque a criança pequena não
pode brincar sozinha se o centro não está lá e você é a pessoa mais importante
para a criança. Você é o centro e se você sai do ambiente, a criança a seguirá.
Quando você está fazendo as suas coisas, pode acontecer da criança dizer “Estou
entediado”. Nesse caso, é claro, não ligue a TV nem coloque música. Quando você
está ocupada com outras coisas, você pode dizer para a criança “Agora você pode
brincar sozinho”. Se você sabe que esteve de fato presente, você pode esperar
de verdade que eles encontrem algo para fazer por eles mesmos. É muito
importante que você não tenha medo de que suas crianças não saibam o que fazer
ou que estejam entediadas. É muito importante que você sinta realmente “Estive com eles e agora podem ficar com eles mesmos”.
Atualmente, os pais freqüentemente
usam a mídia ou atividades direcionadas por adultos para entreter seus filhos, porque
eles tem medo de que suas crianças fiquem entediadas, assumindo que elas não
são capazes de fazer nada por si mesmas. Essa é uma situação complicada. Se
você acha que tem q entreter seu filho menor de sete anos o tempo todo com
mídia (filmes, TV, videogames, computadores, etc.), aulas extracurriculares e/
ou outras atividades guiadas por adultos, então eles não aprenderão como
brincar sozinhos. Eles não terão um momento no qual possam estar num estado de
não saber o que fazer e daí partir para um estado de encontrar imagens
interiores e assim criar coisas de dentro para fora. Deixando-os entediados,
você os ajuda, porque esse momento representa a oportunidade que as crianças
tem de mergulhar no processo de criatividade interior. O fato de que as
crianças são capazes de ficarem por sua própria conta, para criar suas próprias
brincadeiras sem a direção de um adulto é de extrema importância, porque
durante os sete primeiros anos da criança tudo se relaciona com o fato de ser
capaz de criar. Se todas as atividades vem do lado de fora (telas eletrônicas,
videogames, direcionamento de adultos, etc.), então não acontece muita coisa na
esfera da criação interior. É por isso que nos Jardins Waldorf, as professoras
não se sentam para brincar com as crianças, ao invés disso, elas fazem trabalho
de verdade, do qual as crianças retiraram inspiração para suas próprias
brincadeiras. Nesses Jardins da Infância, você poderá encontrar professoras
varrendo, cozinhando, costurando, podando o canteiro, cuidando de animais da
fazenda, cortando lenha e o que mais o ambiente de cada escola permitir.
Igualmente, vocês, como pais, no momento de expiração – para fora, devem fazer
seu trabalho e a criança ao seu lado deveria ser capaz de fazer o dela (que é
brincar). Isso só é possível se a criança sente que ela esteve com você num
momento anterior de inspiração – momento para dentro.
É o mesmo quando as
crianças vão para cama. O que a criança ama ouvir são histórias da sua própria
vida. Nenhum livro, rádio, música, filme ou desenho animado pode causar o
impacto na criança que você pode. E encontrar sua própria história para contar
tem muito significado e alem disso, é uma ferramenta com a qual você pode mudar
varias situações que estão emperradas. É muito difícil para a criança se
apartar de você se ela não sentiu sua presença realmente. Mas, se vc abraçou
sua criança, soprou um pouquinho sua orelhinha, contou-lhe uma historia do seu
coração... Você esteve presente de verdade, então você pode beijá-la e colocá-la
na cama e sentir “Eu posso deixá-la porque estive realmente presente”. Daí você
pode esperar que sua criança seja capaz de dormir sozinha, e isso é saudável
para ela.
Do lugar de onde eu
vim, a Dinamarca, muitos pais estão numa situação onde eles tem que deitar e
segurar as mãos da criança, ler 20 historias, cantar 50 canções e tudo isso
leva uma hora, uma hora e meia e quando finalmente eles estão saindo do quarto silenciosamente,
eles ouvem “Maaaa, água! Mamaaaae!”. E claro, ficam irritados. Você pode evitar
isso colocando limites e encontrando um jeito confortável de sair porque esteve
presente em diversas situações durante o dia. Do contrario, a criança não foi
preenchida suficientemente com seu amor e, alem disso, se não lhe foram dadas
oportunidades de criar sua própria brincadeira, de trabalhar de dentro para
fora, você não pode esperar que ela seja capaz de pegar no sono e dormir por
ela mesma.
Gostaria de chamar
atenção para outro aspecto do período “depois da escola” no qual você está com
seus filhos. Se você leva seus filhos da escola para outras aulas ou confia-os
as diversas variações da mídia, você passa menos tempo com eles. Crianças são
pequenas por um período muito curto. Agora você pode achar que é ainda muito
tempo pela frente, mas em apenas um momento você perceberá como passou rápido. Deixando
seu filho se envolver com sua própria brincadeira enquanto você está por perto
fazendo suas próprias tarefas e estando realmente presente nas situações de
inspiração – situações para dentro, você constrói a genuína confiança entre
você e seu filho. Essa confiança será importante quando eles crescerem um pouco
e chegarem à pré-puberdade e na puberdade propriamente dita, porque ai eles
virão até você quando tiverem problemas e te ouvirão quando você disser o que
fazer e o que não fazer. Mas eles apenas farão esse movimento se confiarem em
você, se você esteve presente com eles anteriormente. E é por isso que os sete
primeiros anos de vida da criança são tão importantes. Toda a confiança interna
da criança, sua crença em que o mundo é bom, são a base de sua vida futura.
Depois dos sete
primeiros anos, são os amigos que se tornam o foco. Os amigos que a criança
escolhe tem muito a ver com a moralidade demonstrada a ela por você e
construída através dos primeiros sete anos. Alem disso, se a ela foi dada a
oportunidade de trabalhar internamente, ela conhecerá ela mesma e será capaz de
dizer “não” quando encontrar alguma coisa da qual não goste e “sim” para o que
de fato quer. Você pode escolher quando conhece a si mesmo e um ser humano que é
capaz de escolher tem uma auto-estima saudável. Nesse contexto, é importante
como o Jardim da Infância e o lar da criança se relacionam: deve existir uma
ponte de um mundo para o outro. De certa forma, é um pouco difícil para as
famílias que escolhem a educação Waldorf para seus filhos tornarem-se
diferentes do mainstream, mas essa é sua
escolha. Você não pode realizar as duas opções. Uma vez que você tomou a
estrada da consciência, você está consciente sobre alimentação, sobre educação
e tudo o mais. Fazer a ponte entre o Jardim Waldorf e a sua casa é obviamente
importante, pois a criança pode perceber que tudo se encaixa e faz sentido. Por
isso é incrivelmente importante construir confiança entre o Jardim e a família,
através da qual a professora do Jardim seja capaz de apoiar essa escolha da
família, mas também para a família respeitar o que é trazido no Jardim, de
maneira que uma coisa sem a outra não é nada. Então, vocês precisam encontrar o
caminho juntos.
Eu tenho três filhos
com 29, 26 e 23 e agora eu posso colher 25 anos de trabalho duro e dedicado com
meus filhos. É tão fantástico porque posso ver como eles são capazes de ir para
vida com liberdade. E eu também posso me mover ao redor do mundo, com liberdade
e sabedoria porque eles não precisam mais de mim, mas gostam de mim e também de
estar com os amigos deles. E isso é, eu acho, a maior coisa que desejamos como
pais, que quando nossos filhos forem adultos, de verdade e pela sua livre
escola, escolham estar conosco em certos momentos. Podemos encontrar, junto com nossos filhos, um novo jeito de construir
relações sociais porque temos outra consciência através da qual podemos
conhecer melhor nossos filhos.
Fonte:
http://www.waldorftoday.com
Helle
Heckmann é
uma educadora Waldorf da Dinamarca. Livros e um DVD sobre seu trabalho
realizado em Nokken, local proximo de Copenhagen, estão disponíveis atraves da
WECAN. Helle tambem oferece cursos e oficinas em todo o mundo e esteve presente
na Escola Waldorf Rudolf Steiner no
2.o semestre de 2011 para palestra aberta para os pais.
O texto acima sao notas de um discurso proferido no México em 2011 e publicado na revista da Escola Waldorf de Cuernavaca. Este artigo foi publicado no Kindling: The Journal for Steiner Waldorf Early Childhood Care and Education (UK) - Outono / Inverno 2011 e no site “Waldorf Today” foi reproduzido com sua gentil permissão.
O texto acima sao notas de um discurso proferido no México em 2011 e publicado na revista da Escola Waldorf de Cuernavaca. Este artigo foi publicado no Kindling: The Journal for Steiner Waldorf Early Childhood Care and Education (UK) - Outono / Inverno 2011 e no site “Waldorf Today” foi reproduzido com sua gentil permissão.
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