terça-feira, 8 de maio de 2012

A criança e seu processo de compreensão da morte


Meu filho está passando por uma fase delicada com relação a palavra "morte". Por mais leitura que eu tenha apreendido sobre o assunto, é complicado falar e discutir. São questionamentos que permeiam a nossa cabeça de mãe e reforçam a crença de que "evitar falar...é poupar o sofrer". Mas nós, profissionais da psicologia, sabemos que isto não é verdade!

FRASES DITAS POR MEU FILHO JV NESTAS ÚLTIMAS SEMANAS:
"Quando morremos vamos para onde?"
"Quando morrer vou te encontrar?"
"Será que iremos nos ver novamente em outra vida?"
"Não consigo parar de pensar na morte!"
"Olho para vocês e tenho vontade de chorar!"
"Não conseguiria viver sem vocês!"
"Meus olhos estão sempre em lágrimas, pois imagino a morte como um corredor escuro!"
"Vi um filme que o filho morre e encontra seus pais num túnel..."
"Quero que a morte seja igual ao filme!"

A criança e a morte - A psicóloga Maria Cristina Capobianco dá dicas aos pais e professores de como se deve conversar e ajudar a criança a entender o processo da morte

A cada idade os recursos que uma criança tem para compreender os fenômenos que acontecem na sua vida são diferentes. Estes recursos variam e dependem de vários fatores, entre eles, sua maturidade e sua percepção do mundo a sua volta, sua história de vida, a forma como os pais e a escola lhe passam a informação e as crenças religiosas de seus pais.

Cada criança se desenvolve num ritmo singular e é importante lembrar que os pais conhecem seu filho e precisam guiar se por sua percepção e intuição que tem em relação a momento da criança no processo de crescimento.

A psicóloga Maria Cristina Capobianco explica que as pessoas ao falar da morte com uma criança temem trazer a tona ou provocar um sofrimento desnecessário e muitas vezes preferem esquivar-se das perguntas que as crianças têm a respeito deste tema. Existe a crença de que se não se toca no assunto, haverá menos sofrimento. “Muito pelo contrário, se não damos a chance à criança a falar dele, a expressar sua curiosidade, estamos deixando-a só com seus receios e fantasias. Esta solidão e falta de informação objetiva pode despertar um maior sofrimento”, afirma a terapeuta.

Dos 9 aos 13 anos:

Com o  passar do tempo a criança tem mais recursos mentais e emocionais para compreender as causas da morte. Agora se preocupa com o fato de como vai mudar sua vida com a perda da pessoa, do relacionamento. Apresenta resistência a se abrir e falar de suas emoções. No inicio pode parecer que ela não se importa com o que aconteceu, que ignora os eventos, que faz de conta que não houve morte. Os sentimentos de angústia e tristeza demoram a aparecer, e ela pode ter uma tendência a se isolar. Começa a mostrar interesse em rituais religiosos. Nesta fase se for um dos seus pais que faleceu, a criança pode querer assumir as responsabilidades do falecido e tomar seu lugar para ajudar e aliviar a tristeza de quem ficou. Isto se torna um peso e causa de futuras somatizações e conflitos.

Estimule a discussão sobre o tema da morte, tanto em casa como na escola. Aproveite mortes de outros, pessoas famosas, conhecidas para mostrar como estes processos são parte da vida. Ofereça modelos de pessoas que passaram por momentos difíceis. É importante ser paciente com as crianças se resistem a fazer suas lições de casa, se apresentam distraídos ou desligados, tente compartilhar seus sonhos e fantasias. Ajudar os filhos ou os alunos a superar as dificuldades, mesmo na tenra infância é tarefa de pais e educadores, pois desta forma eles poderão oferecer meios para que as crianças construam seus recursos internos para enfrentar as dificuldades do mundo adulto e tornarem-se pessoas com capacidade para lidar com suas emoções e criar a empatia para lidar com as dos outros.


Esta animação demonstra como se dá os Cinco Estágios Da Morte ou Da Dor ou Da Perda. Trata-se de um modelo elaborado pela psiquiatra suíça Elizabeth Kübler-Ross



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